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Qual é o impacto da educação sobre o empreendedorismo?

16 nov 2021

Pesquisadora responsável: Viviane Pires Ribeiro

Título do artigoTHE IMPACT OF ENTREPRENEURSHIP EDUCATION: A STUDY OF IRANIAN STUDENTS’
ENTREPRENEURIAL INTENTIONS AND OPPORTUNITY IDENTIFICATION

Autores do artigo: Saeid Karimi, Harm J. A. Biemans, Thomas Lans, Mohammad Chizari, e Martin Mulder

Localização da intervenção:  Irã

Tamanho da amostra: 205 participantes

Setor: Educação

Tipo de Intervenção: Avaliação dos impactos da educação
sobre o empreendedorismo

Variável de interesse principal: Educação
Empreendedora

Método de avaliação: Outros - Teoria do Comportamento Planejado

 

Contexto da Avaliação

A maioria dos estudos empíricos indicam que o empreendedorismo, ou pelo menos alguns de seus aspectos, pode ser ensinado e que a educação pode ser considerada um dos principais instrumentos para fomentar atitudes, intenções e competências empreendedoras. Essa visão levou a um aumento significativo do número de Programas de Educação Empreendedora (PEE) em faculdades e universidades, aumentando assim, o número de investimentos nesses programas.

Muitos países em desenvolvimento, incluindo o Irã, vem enfrentando problemas econômicos, em particular, o número excessivo de graduados universitários que não estão conseguindo encontrar oportunidades de trabalho no setor público ou privado. Nos últimos anos, o Irã expressou crescente interesse em vários campos do empreendedorismo (em ambientes de ensino superior e formulação de políticas) como uma solução fundamental para o problema do desemprego e melhoria da economia.

Para promover e estimular o empreendedorismo e a inovação, o governo iraniano estabeleceu em 2000 um programa abrangente de desenvolvimento do empreendedorismo nas universidades, denominado KARAD, como parte do Terceiro Programa de Desenvolvimento Econômico e Social. Os principais objetivos do KARAD eram promover o espírito empreendedor e a cultura nas comunidades acadêmicas; e familiarizar os alunos com o empreendedorismo, visando incentivá-los e prepará-los para a elaboração de um plano de negócios. Para atingir esse objetivo, vários programas e estratégias foram considerados, incluindo o estabelecimento de centros de empreendedorismo e a introdução de cursos de empreendedorismo como “fundamentos de empreendedorismo” nos programas de graduação.

Detalhes da Intervenção

Dado a falta de estudos sobre os impactos dos Programas de Educação Empreendedora nas universidades iranianas, Karimi et al. (2016) buscam reduzir as lacunas teóricas e metodológicas e fazer quatro contribuições à literatura existente. Primeiro, os autores utilizam um modelo de intenção para avaliar o impacto dos PEE. Segundo, estudam os efeitos dos cursos obrigatórios e optativos de empreendedorismo em diferentes universidades. A terceira contribuição é o uso de um design pré-teste e pós-teste para estudar esses efeitos. E a quarta contribuição é avaliar o efeito da educação para o empreendedorismo nos estudantes universitários não empresariais em um país em desenvolvimento, o Irã.

Com base na teoria do comportamento planejado, uma pesquisa ex-ante e ex-post foi usada para avaliar os impactos dos PEE, optativos e obrigatórios, na intenção empreendedora dos alunos e na identificação de oportunidades. Os dados foram coletados por questionários, ao longo de um período de aproximadamente quatro meses (ano acadêmico de 2010-2011), totalizando uma amostra de 205 participantes de cursos de “fundamentos de empreendedorismo” em 6 universidades iranianas.

O curso de “Fundamentos de empreendedorismo”, obrigatório ou optativo, foi ministrado aos alunos em seus dois últimos anos de graduação em várias faculdades. O objetivo do curso foi aumentar o conhecimento dos graduados universitários sobre o empreendedorismo, influenciando suas atitudes e intenções empreendedoras, bem como incentivá-los a serem criadores de empregos, em vez de candidatos a empregos.

Detalhes da Metodologia

Karimi et al. (2016) utilizaram um método quantitativo, incluindo um questionário que foi distribuído no início da primeira sessão dos cursos (t1) e ao final da última sessão (t2). Estudantes de graduação que se matricularam em cursos de empreendedorismo em seis universidades públicas iranianas serviram como amostra para o estudo (n = 320). Na primeira pesquisa (t1), participaram 275 alunos (taxa de resposta de 86%) e na segunda pesquisa (t2), 240 alunos (taxa de resposta de 75%). Foi possível combinar os dois questionários (t1 e t2) para 205 alunos, representando 64% do total de matrículas nos cursos de empreendedorismo das universidades selecionadas. A amostra foi composta por 86 alunos do sexo masculino (42%) e 119 do sexo feminino (58%), com idades variando de 19 a 31, com média de 22,08 anos.

Houve uma proporção maior de mulheres na amostra porque mais mulheres do que homens se matriculam nos cursos em que os dados foram coletados. Somente os alunos participantes dos cursos responderam os dois questionários. Em termos gerais, a repartição da amostra de acordo com o curso superior foi a seguinte: Ciências Agrícolas (49,8%), Ciências da Engenharia (21,5%), Ciências Humanas (21,5%) e Ciências Básicas (7,2%).

Todos os itens (além das características demográficas) foram medidos usando uma escala Likert de sete pontos, variando de 1 (discordo totalmente) a 7 (concordo totalmente). Várias variáveis de controle foram utilizadas no estudo: idade, sexo (codificado como 1 = masculino e 0 = feminino), classificação da universidade (codificada como 3 = classificação alta, 2 = classificação intermediária e 1 = classificação baixa), universidade (variável categórica para as seis universidades selecionadas) e especialização acadêmica (variável categórica para os quatro graus acadêmicos).

Como primeira etapa, os autores realizaram uma Análise Fatorial Exploratória (AFE) dos itens. Os itens restantes após esse exercício de filtragem foram selecionados para construir cada uma das construções usadas na Modelagem de Equações Estruturais (MEE) na segunda etapa. Essa modelagem foi empregada para definir a relação entre Intenções Empreendedoras e seus antecedentes e para testar as relações entre Controle Comportamental Percebido (CCP), Atitude em Relação ao Empreendedorismo, Identificação de Oportunidade por Percepção e Intenções Empreendedoras. Além disso, o teste t de amostras pareadas foi usado para testar o impacto dos programas nas atitudes empresariais dos alunos, identificação de oportunidade por percepção e nas intenções empreendedoras. Por fim, o teste t para amostras independentes foi utilizado para comparar os efeitos dos cursos optativos e obrigatórios.

Resultados

Os resultados obtidos indicam que os Programas de Educação Empreendedora influenciam significativamente as normas subjetivas e o controle comportamental percebido, mas que esses programas não tiveram impactos significativos nas atitudes dos alunos em relação ao empreendedorismo e suas percepções de identificação de oportunidades. O estudo também mostrou que os programas optativos aumentaram significativamente as intenções empreendedoras dos estudantes, mas que esse aumento não foi significativo para os PEE obrigatórios.

Em particular, os resultados sugerem que as universidades podem desenvolver as intenções empreendedoras dos alunos por meio de PEE optativos, em vez de obrigatórios. Isto é, os educadores devem diferenciar entre os cursos obrigatórios ofertados a todos os alunos e os cursos optativos ofertados para alunos interessados em empreendedorismo. No primeiro caso, depois de concluírem os PEE, alguns alunos perceberão que são adequados para o empreendedorismo e serão fortalecidos em sua decisão de se tornarem empreendedores, enquanto outros perceberão que não são. Em cursos optativos, por outro lado, a auto-seleção levará a um nível maior de intenções empreendedoras e aumentará a probabilidade de os participantes se tornarem empreendedores.

Lições de Política Pública

O estudo realizado por Karimi et al. (2016) fornece importantes informações para aqueles que formulam, fornecem e avaliam programas educacionais destinados ao aumento das intenções empreendedoras dos alunos. Os resultados indicam que o Controle Comportamental Percebido é o preditor mais forte das intenções empreendedoras e o CCP pode ser promovido por meio de PEE. Portanto, os educadores devem se concentrar no uso de métodos de ensino adequados, a fim de aprimorar o Controle Comportamental Percebido dos alunos de forma mais eficaz. A análise sugere que a participação em PEE optativos e obrigatórios pode influenciar positivamente o CCP ou a autoeficácia dos alunos, confirmando que as universidades podem moldar e promover a autoeficácia empreendedora por meio desses programas.

Atividades educacionais que proporcionam experiências do “mundo real” ou experiências de “realidade virtual” em sala de aula, incluindo o uso de interpretação, estudos de caso e simulações de negócios, facilitam o desenvolvimento de habilidades na tomada de decisão e fortalecem a autoconfiança empresarial por meio de experiências de domínio ou repetidas realizações de desempenho. A aprendizagem vicária (aprendizado derivado de fontes indiretas, como observação) pode ser aumentada por meio de atividades educacionais, com empreendedores de sucesso como palestrantes convidados, estudos de caso, estágios e participação em competições de planos de negócios. Incentivar comentários, feedback positivo e elogios, discussões persuasivas com professores e profissionais em programas educacionais podem aumentar a autoeficácia por meio da persuasão social.

Os formuladores de políticas e as faculdades universitárias devem reconhecer os efeitos diferenciais dos vários tipos de PEE e que os efeitos não serão os mesmos em todos os programas. Embora não seja possível recomendar um tipo específico de programa, os formuladores de políticas e instrutores que desejam formar mais e melhores empreendedores, embora sujeitos a restrições de custo, devem ter em mente que os programas optativos podem produzir melhores resultados do que os programas obrigatórios. Os formuladores de políticas e educadores também devem estar cientes de que o contexto e os valores culturais desempenham um papel importante nos PEE. Portanto, os legisladores e educadores devem desenvolver PEE que acomodem esses diferentes valores culturais.

Referência

KARIMI, Saeid et al. The impact of entrepreneurship education: A study of Iranian students' entrepreneurial intentions and opportunity identification. Journal of Small Business Management, v. 54, n. 1, p. 187-209, 2016.